domingo, 11 de julho de 2010

A Precisão em Iyengar Yoga

A precisão em Iyengar Yoga: um caminho para o auto conhecimento.

A tradição do Yoga fornece explicações para a complexidade do ser humano ao tratar de nossas várias "camadas" ou "corpos", Koshas em sânscrito.
Estas camadas seriam:
Annamaya kosha: corpo anatômico
Pranamaya kosha: corpo energético (fisiológico)
Manomaya kosha: corpo mental
Vijnanamaya kosha: corpo intelectual
Anadamaya kosha: bem aventurança

Pessoalmente não acredito nestas divisões, quem já leu outros posts sabe o que penso sobre este jeito de analisar o ser humano. Acho que somos estruturas, razões e emoções ao mesmos tempo, e somente podemos nos expressar utilizando todos estes "corpos" interligados como unidade, mas para manter a didática e a terminologia do Yoga vamos usar estes termos, os Koshas.

Nos é ensinado que uma das metas do Yoga é a União: todos estes aspectos devem ser integrados e expressarem harmonia.

Como esta integração ocorre? Em Iyengar Yoga é dito que através de Ásana e Pranayama aprendemos a trazer consciência a cada célula do corpo, e neste processo integramos nossos Koshas.

O primeiro passo a aprender é estar completamente no presente, com nossos corpos, pensamentos, intenções e emoções.
Começamos criando atenção no corpo. Os professores dão instruções específicas: "pressione igualmente contra o chão as bordas medial e lateral dos calcanhares", "erga as laterais do tronco", etc.

No método Iyengar somos orientados a ajustar os músculos e ossos. Com o tempo as instruções podem se referir também aos órgãos, podemos ouvir instruções específicas aos rins ou aos pulmões. Nas aulas podemos ser orientados também a tranquilizar os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele. Enfim a observar nossos sentidos e percepção.

B.K.S. Iyengar é responsável por uma nova metodologia, um modo muito particular de trabalhar os Ásanas. Este método é focado em alinhamento e requer completa absorção no momento presente.

Além do alinhamento outra característica fundamental para gerar este processo de atenção é a correta linguagem empregada nas instruções da postura. O que é dito e como é dito influi enormemente nos processos de imersão nos estados internos, na jornada para desvendar os Koshas.

A primeira dica é usar o correto tempo verbal. As ações são dadas no imperativo, nos remetem à ações. Não falamos: "pressionando os pés contra o chão, elevamos as coxas". Também evitamos: "os pés são pressionados contra o chão. As coxas devem ser erguidas".
Preferimos: "Pressione os pés contra o chão e eleve as coxas".
Esta linguagem remete o aluno diretamente a uma ação, facilitando a atenção no presente e os processos de observação interna.

Também se ensina a "conectar" ações diferentes e a trabalhar com forças opostas.Por exemplo em Parsvottanasana: "Leve as coxas internas para trás enquanto estende os lados do tronco à frente". "Pela das solas dos pés buscam o chão, o tronco busca o céu...", etc

Por último, outro importante caminho consiste em se perguntar constantemente quais efeitos as ações acrescentam aos Ásanas. É dito que a frase: "Observe o que acontece quando você...." é uma máxima em Iyengar Yoga.

Acredito que o principal legado de B.K.S. Iyengar seja ensinar de modo tão profundo e apaixonado a prática de Ásanas, que conduza o aluno a perceber nesta profundidade elementos das oito partes do Yoga clássico. Que conduza os alunos, nas palavras de B.K.S. Iyengar, de annamaya kosha até anadamaya kosha.

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