Este Blog propõe um espaço de integração entre a tradição do Yoga e as descobertas recentes sobre o funcionamento do corpo e do movimento.
sábado, 16 de outubro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
Skinner lendo Buda
Skinner lendo Buda, do blog www.olharbeheca.blogspot.com
Capítulo 3 do Dhammapada, chamado "Citta Vaga", cujo tema é a mente.
Vejamos como B. F. Skinner poderia ler esse trecho do clássico budista, traduzindo-o para conceitos comportamentais:
"A mente é difícil de ser controlada.. difícil de ser percebida... O sábio a domina, pois uma mente controlada conduz a felicidade"
Antes de mais nada, a palavra original para mente no texto é Citta, que traduz-se literalmente por "pensar", "ter consciência de algo". Ou seja, para o budismo a mente não é uma entidade, (que seria expressa por substantivo), mas um comportamento (expresso por um verbo).
A tradução do trecho do Dhammapada acima, para termos comportamentais, poderia ser algo como: " O pensar é um processo difícil de ser controlado, pois ele envolve diversos fatores, alguns acessíveis ao pensador, outros não. Porém controlar esses fatores que determinam o pensar conduz a felicidade".
OBS: Classicamente, os fatores que determinam o pensar podem ser controlados com uma vida comedida em termos de dieta, exercícios, hábitos virtuosos e acima de tudo, exercício da meditação e da compaixão.
"A mente é precursora de todos os estados. A mente é o chefe. Todos os estados são confeccionados pela mente. (...) Aquele que vive imerso em vícios, sem virtude, logo é controlado por suas ilusões, e não tem dignidade".
Ok, aqui entramos em uma clássica questão Comportamental: a impossibilidade da "mente" ser a causadora de comportamentos.
Mas note como imediatamente após a declaração de " A mente é quem manda" vem logo a advertência sobre hábitos e vícios. A fórmula que Buda oferece parece ser: discipline a forma como você se comporta e você disciplinará seu pensar.
E como obter essa disciplina?
São prescrições budistas para isso:
- meditar
- fazer jejum regularmente
- evitar matar, roubar, mentir, etc
- exercer compaixão pelos outros
- etc.
O pensar é visto, no Budismo, como um agregado de processos que forma a consciência (uma vez que somados ao perceber, ao sentir, a informação sensorial, etc). O agregado "Pensar", por sua vez, foi determinado por outros agregados, como o sentir (emoções) e o perceber (5 sentidos). Assim,a mente não é uma criadora incriada: ela é determinada pela relação com o ambiente (nossos sentimentos, sensações e percepções depende da interação com o ambiente).
Logo, o que o Dhammapanda está no dizendo, sua grande lição, em termos comportamentais, é: "Comporte-se adequadamente, exercendo hábitos virtuosos, e mesmo seus pensamentos serão controláveis, e assim você será mais feliz".
Capítulo 3 do Dhammapada, chamado "Citta Vaga", cujo tema é a mente.
Vejamos como B. F. Skinner poderia ler esse trecho do clássico budista, traduzindo-o para conceitos comportamentais:
"A mente é difícil de ser controlada.. difícil de ser percebida... O sábio a domina, pois uma mente controlada conduz a felicidade"
Antes de mais nada, a palavra original para mente no texto é Citta, que traduz-se literalmente por "pensar", "ter consciência de algo". Ou seja, para o budismo a mente não é uma entidade, (que seria expressa por substantivo), mas um comportamento (expresso por um verbo).
A tradução do trecho do Dhammapada acima, para termos comportamentais, poderia ser algo como: " O pensar é um processo difícil de ser controlado, pois ele envolve diversos fatores, alguns acessíveis ao pensador, outros não. Porém controlar esses fatores que determinam o pensar conduz a felicidade".
OBS: Classicamente, os fatores que determinam o pensar podem ser controlados com uma vida comedida em termos de dieta, exercícios, hábitos virtuosos e acima de tudo, exercício da meditação e da compaixão.
"A mente é precursora de todos os estados. A mente é o chefe. Todos os estados são confeccionados pela mente. (...) Aquele que vive imerso em vícios, sem virtude, logo é controlado por suas ilusões, e não tem dignidade".
Ok, aqui entramos em uma clássica questão Comportamental: a impossibilidade da "mente" ser a causadora de comportamentos.
Mas note como imediatamente após a declaração de " A mente é quem manda" vem logo a advertência sobre hábitos e vícios. A fórmula que Buda oferece parece ser: discipline a forma como você se comporta e você disciplinará seu pensar.
E como obter essa disciplina?
São prescrições budistas para isso:
- meditar
- fazer jejum regularmente
- evitar matar, roubar, mentir, etc
- exercer compaixão pelos outros
- etc.
O pensar é visto, no Budismo, como um agregado de processos que forma a consciência (uma vez que somados ao perceber, ao sentir, a informação sensorial, etc). O agregado "Pensar", por sua vez, foi determinado por outros agregados, como o sentir (emoções) e o perceber (5 sentidos). Assim,a mente não é uma criadora incriada: ela é determinada pela relação com o ambiente (nossos sentimentos, sensações e percepções depende da interação com o ambiente).
Logo, o que o Dhammapanda está no dizendo, sua grande lição, em termos comportamentais, é: "Comporte-se adequadamente, exercendo hábitos virtuosos, e mesmo seus pensamentos serão controláveis, e assim você será mais feliz".
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
The man who wants to kill crunches
A Canadian professor of spine biomechanics rails about the dangers of the ubiquitous sit-up
After three decades of figuring how out the spine works, Stuart McGill has come to loathe sit-ups. It doesn’t matter whether they are the full sit-ups beloved by military trainers or the crunch versions so ubiquitous in gyms. “What happens when you perform a sit-up?” he asks. “The spine is flexed into the position at which it damages sooner.”
The professor of spine biomechanics at the University of Waterloo knows a thing or two about snapping spines. In his lab, McGill proudly shows off a machine that’s probably created more disc herniations than any other in the world. “We get real [pig] spines from the butcher and we compress them, shear them and bend them to simulate activities such as golf swings and sit-ups, and watch as unique patterns of injury emerge.” A disc has a ring around it, and the middle, the nucleus, is filled with a mucus-like liquid. Do a sit-up and the spine’s compression will squeeze the nucleus. On his computer, McGill shows how the nucleus can work its way out of the disc, hit a nerve root and cause that oh-so-familiar back pain. “From observing the way your total gym routine is performed, we can predict the type of disc damage you’re eventually going to have.”
While there are lots of ways to injure a back, the sit-up is an easily preventable one. According to his research, a crunch or traditional sit-up generates at least 3,350 newtons (the equivalent of 340 kg) of compressive force on the spine. The U.S. National Institute for Occupational Safety and Health states that anything above 3,300 newtons is unsafe.
So McGill suggests replacing sit-ups with exercises to strengthen the core while not bending the spine: bridges, planks, leg extensions, bird dogs, and “stir the pot.” The bird dog, for instance, simply involves getting on all fours and, while keeping the core muscles tight, extending the opposite arm and leg, then switching limbs. “Stir the pot” is a more complex movement: moving shoulders in a small circle while in a prone push-up position with forearms balanced on an exercise ball.
The results of McGill’s decades of spine research is slowly being accepted outside the worlds of academia and elite athletics. Ian Crosby of the Calgary Fire Department saw the shift first-hand. He’s on a committee of the International Association of Fire Fighters that establishes criteria for the make-or-break fitness test. A few years ago, they reviewed the annual sit-up test, which involved doing steady crunches in time to a metronome. The problem, for Crosby, is that anyone being assessed “will train to get better. And that involves repeated bouts of sit-ups.” So last year, after talking to Stuart McGill and other experts, the IAFF dropped the sit-up in favour of the prone plank—basically a static push-up that will leave the unfit trembling with fatigue.
For those who believe sit-ups are the only key to strong abdominals, Crosby points to research that shows the new movements can be just as effective in improving core strength. A study of U.S. soldiers published earlier this year in Medicine & Science in Sports & Exercise compared sit-ups with back-friendly core stabilization exercises, including bird dogs, and found there was no difference in overall fitness between the two groups. In fact, those who did core exercises showed significant improvement in the army’s sit-up test.
The decline of the crunch can also be seen at ordinary sweat-filled gyms. Anthony Ierulli, manager of fitness programming for the YMCA in Brampton, Ont., says that while in the past all anyone “did were crunches, now they’re doing some Pilates and yoga that engage the abdomen in different ways.” But Ierulli emphasizes that changing routines isn’t enough if the technique isn’t there. And that requires finding a teacher who can fine-tune those unfamiliar exercises.
As for McGill, he keeps spreading his message. Recently, Asia Nelson, a local Waterloo-based trainer of yoga instructors, invited the expert to talk to her class of student teachers about his philosophy. She knows that not all traditional yoga postures are back-friendly. One example Nelson gives is the sun salutation’s forward fold—basically a standing crunch with the added hanging weight of the body. Now, after the professor’s lecture, she’s figuring out ways to modify that and other movements. While Nelson and the Y’s Ierulli recommend people find a balance between old and new techniques, McGill’s message is more blunt: “There are only so many bends in your spine until the discs eventually herniate.”
After three decades of figuring how out the spine works, Stuart McGill has come to loathe sit-ups. It doesn’t matter whether they are the full sit-ups beloved by military trainers or the crunch versions so ubiquitous in gyms. “What happens when you perform a sit-up?” he asks. “The spine is flexed into the position at which it damages sooner.”
The professor of spine biomechanics at the University of Waterloo knows a thing or two about snapping spines. In his lab, McGill proudly shows off a machine that’s probably created more disc herniations than any other in the world. “We get real [pig] spines from the butcher and we compress them, shear them and bend them to simulate activities such as golf swings and sit-ups, and watch as unique patterns of injury emerge.” A disc has a ring around it, and the middle, the nucleus, is filled with a mucus-like liquid. Do a sit-up and the spine’s compression will squeeze the nucleus. On his computer, McGill shows how the nucleus can work its way out of the disc, hit a nerve root and cause that oh-so-familiar back pain. “From observing the way your total gym routine is performed, we can predict the type of disc damage you’re eventually going to have.”
While there are lots of ways to injure a back, the sit-up is an easily preventable one. According to his research, a crunch or traditional sit-up generates at least 3,350 newtons (the equivalent of 340 kg) of compressive force on the spine. The U.S. National Institute for Occupational Safety and Health states that anything above 3,300 newtons is unsafe.
So McGill suggests replacing sit-ups with exercises to strengthen the core while not bending the spine: bridges, planks, leg extensions, bird dogs, and “stir the pot.” The bird dog, for instance, simply involves getting on all fours and, while keeping the core muscles tight, extending the opposite arm and leg, then switching limbs. “Stir the pot” is a more complex movement: moving shoulders in a small circle while in a prone push-up position with forearms balanced on an exercise ball.
The results of McGill’s decades of spine research is slowly being accepted outside the worlds of academia and elite athletics. Ian Crosby of the Calgary Fire Department saw the shift first-hand. He’s on a committee of the International Association of Fire Fighters that establishes criteria for the make-or-break fitness test. A few years ago, they reviewed the annual sit-up test, which involved doing steady crunches in time to a metronome. The problem, for Crosby, is that anyone being assessed “will train to get better. And that involves repeated bouts of sit-ups.” So last year, after talking to Stuart McGill and other experts, the IAFF dropped the sit-up in favour of the prone plank—basically a static push-up that will leave the unfit trembling with fatigue.
For those who believe sit-ups are the only key to strong abdominals, Crosby points to research that shows the new movements can be just as effective in improving core strength. A study of U.S. soldiers published earlier this year in Medicine & Science in Sports & Exercise compared sit-ups with back-friendly core stabilization exercises, including bird dogs, and found there was no difference in overall fitness between the two groups. In fact, those who did core exercises showed significant improvement in the army’s sit-up test.
The decline of the crunch can also be seen at ordinary sweat-filled gyms. Anthony Ierulli, manager of fitness programming for the YMCA in Brampton, Ont., says that while in the past all anyone “did were crunches, now they’re doing some Pilates and yoga that engage the abdomen in different ways.” But Ierulli emphasizes that changing routines isn’t enough if the technique isn’t there. And that requires finding a teacher who can fine-tune those unfamiliar exercises.
As for McGill, he keeps spreading his message. Recently, Asia Nelson, a local Waterloo-based trainer of yoga instructors, invited the expert to talk to her class of student teachers about his philosophy. She knows that not all traditional yoga postures are back-friendly. One example Nelson gives is the sun salutation’s forward fold—basically a standing crunch with the added hanging weight of the body. Now, after the professor’s lecture, she’s figuring out ways to modify that and other movements. While Nelson and the Y’s Ierulli recommend people find a balance between old and new techniques, McGill’s message is more blunt: “There are only so many bends in your spine until the discs eventually herniate.”
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Aprender é ser transformado pela experiência.
Este texto foi cedido pelo Alessandro Vieira, do ótimo blog Olhar Beheca.
E, de minha parte, acrescento uma citação:
"Não é a espécie mais forte que sobrevive,
tampouco a mais inteligente.
É a mais adaptável às mudanças."
Charles Darwin, 1809-1882
Aprendizagem muda as pessoas
No modelo mentalista, aprender é preencher espaço da mente com informações, que ficam lá armazenadas, como livros ficam guardados na estante. Uma metáfora muito comum hoje em dia é a do computador. A pessoa teria um computador interno que registra em um banco de dados tudo que ela aprende, como uma CPU faz.
Não aprendemos como computadores aprendem,
pois a aprendizagem não altera indelevelmente os computadores.
Porém há uma falha nessa metáfora: a memória do computador pode ser realocada, expandida e até apagada. Já o ser humano é alterado globalmente pela aprendizagem, de uma maneira irreversível (Um comportamento nunca é apagado, ele pode no máximo perder sua força).
Para um behaviorista radical, aprender não é absorver dados, mas ser exposto a contingências que transformam a pessoa.
Um exemplo... Estou aprendendo Muay Thai há 3 meses. Comecei a desenvolver calos na zona de impacto do punho.
O calejamento dessa região é um bom sinal, que indica que os socos estão atingindo o alvo com a parte correta do punho. Os calos colaboram com socos mais fortes e com menos danos (a quem os aplica, claro).
Esse processo de desenvolver calos torna o punho mais resistente ao longo do tempo (pele e ossos). Esta é uma evidência de que a aprendizagem da técnica correta e sua incansável repetição nos treinos altera anatomicamente o aprendiz (os ossos da região mudam, efetivamente).
Junto com os calos, vem o ganho de força, agilidade e a aprendizagem de habilidades motoras (as técnicas, como gancho, jab, direto, etc).
Toda essa aprendizagem transforma uma pessoa, não apenas fisicamente (ossos e pele) mas emocional e intelectualmente, também. A pessoa que aprendeu algo é diferente da pessoa que estava para aprender, e continuará sendo diferente para o resto de sua história de vida.
Aprender, portanto, não é absorver informação. Aprender é ser transformado pela experiência.
Retirado do blog: olharbeheca.blogspot.com
http://olharbeheca.blogspot.com/2010/04/aprendizagem-muda-as-pessoas.html
E, de minha parte, acrescento uma citação:
"Não é a espécie mais forte que sobrevive,
tampouco a mais inteligente.
É a mais adaptável às mudanças."
Charles Darwin, 1809-1882
Aprendizagem muda as pessoas
No modelo mentalista, aprender é preencher espaço da mente com informações, que ficam lá armazenadas, como livros ficam guardados na estante. Uma metáfora muito comum hoje em dia é a do computador. A pessoa teria um computador interno que registra em um banco de dados tudo que ela aprende, como uma CPU faz.
Não aprendemos como computadores aprendem,
pois a aprendizagem não altera indelevelmente os computadores.
Porém há uma falha nessa metáfora: a memória do computador pode ser realocada, expandida e até apagada. Já o ser humano é alterado globalmente pela aprendizagem, de uma maneira irreversível (Um comportamento nunca é apagado, ele pode no máximo perder sua força).
Para um behaviorista radical, aprender não é absorver dados, mas ser exposto a contingências que transformam a pessoa.
Um exemplo... Estou aprendendo Muay Thai há 3 meses. Comecei a desenvolver calos na zona de impacto do punho.
O calejamento dessa região é um bom sinal, que indica que os socos estão atingindo o alvo com a parte correta do punho. Os calos colaboram com socos mais fortes e com menos danos (a quem os aplica, claro).
Esse processo de desenvolver calos torna o punho mais resistente ao longo do tempo (pele e ossos). Esta é uma evidência de que a aprendizagem da técnica correta e sua incansável repetição nos treinos altera anatomicamente o aprendiz (os ossos da região mudam, efetivamente).
Junto com os calos, vem o ganho de força, agilidade e a aprendizagem de habilidades motoras (as técnicas, como gancho, jab, direto, etc).
Toda essa aprendizagem transforma uma pessoa, não apenas fisicamente (ossos e pele) mas emocional e intelectualmente, também. A pessoa que aprendeu algo é diferente da pessoa que estava para aprender, e continuará sendo diferente para o resto de sua história de vida.
Aprender, portanto, não é absorver informação. Aprender é ser transformado pela experiência.
Retirado do blog: olharbeheca.blogspot.com
http://olharbeheca.blogspot.com/2010/04/aprendizagem-muda-as-pessoas.html
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Iyengar Yoga para gestantes
A prática de Yoga bem supervisionada durante a gravidez produz benefícios em dobro, pratica a mãe e pratica o bebê.
Dentro do método Iyengar Yoga existem diferentes abordagens para se trabalhar com as grávidas. O mais importante para definir a prática adequada para uma gestante é a experiência desta como praticante. Algumas escola de Iyengar Yoga não aceitam alunas gestantes em suas turmas sem o mínimo de seis meses de pratica constante. Outras escolas recebem as iniciantes, mas enfatizam a prática de posturas mais básicas e exercícios de relaxamento.
Geralmente as mulheres deixam para iniciar a prática quando engravidam. O ideal seria ter uma pratica de yoga constante antes da gravidez. Isto garante que as mulheres aproveitem melhor os benefícios da pratica e reduzam os possíveis riscos. Estar familiarizada com a forma e o efeito das posturas traz uma inteligência ao corpo da mulher, o que é importante para uma prática segura.
Quando aprendemos uma postura, ainda não conseguimos realizar todas as ações necessárias de alinhamento. A qualidade da postura depende diretamente da capacidade de realizar estas ações. O estado interno de atenção e os benefícios gerados pela postura também. Durante a gravidez, a praticante precisa manter o abdômen sempre suave e sem compressões ao executar as posturas. Sem as ações básicas de alinhamento que se desenvolvem a medida que praticamos isso é mais difícil. A falta de familiaridade com os alongamentos da musculatura produzidos pelas posturas pode, ao invés de gerar benefícios, ter um efeito contrário de tencionar o corpo. Por todas essas razões, o trabalho com gestantes inexperientes precisa ser bem mais suave. Quanto mais tempo de prática a futura mãe tiver melhores os benefícios das posturas durante a gestação.
Posturas importantes como sirsasana, invertida sobre a cabeça, e algumas extensões com apoio não podem ser ensinadas durante a gravidez. Se a gestante não as praticava antes da gestação não é o momento adequado para aprendê-las. A recomendação para a prática de Iyengar Yoga para gestantes, sem experiência no método, é começar por posturas sentadas, flexões sentadas com apoio e exercícios de relaxamento. O auxílio de um professor preparado é essencial, pois algumas adaptações podem ser necessárias.
Um dos objetivos das posturas de yoga durante a gestação é potencializar no corpo da mãe um “espaço” para que o bebê se desenvolva bem. Criar um equilíbrio muscular no corpo da gestante ajuda a manter uma boa postura, que por sua vez gera o bom posicionamento do bebe em sua bacia e facilita o parto. Em todas as posturas a gestante procura criar um espaço entre o osso púbico e o esterno, o que facilita a respiração. Esta auxilia no relaxamento e ajuda a gestante a voltar à atenção para sua realidade mais íntima. Um estado interno de atenção permite que a mulher lide melhor com as demandas do parto. Um corpo sem tensão e a capacidade de estar presente poupam energia durante o parto.
A auto-observação é essencial, pois cada gravidez é única e a gestação passa por diferentes fases. Geralmente o primeiro trimestre é mais conturbado pela novidade e pelas mudanças hormonais. Algumas grávidas preferem começar a praticar depois que passa essa primeira fase. Os enjôos podem ser mais intensos e deixar a gestante sem disposição. Nessa fase savasana (postura de relaxamento) pode ajudar. O savasana durante a gestação deve ser sempre feito com apoio para a coluna. Essa variação ajuda a expandir o peito, facilitar a respiração e energizar o corpo. O apoio na tronco, na cabeça e em baixo do joelhos forma um V no corpo da gestante e o bebê se aninha dentro do corpo da mãe. Os calcanhares sempre devem estar apoiados no chão.
No segundo trimestre a gestante já tem os hormônios mais estáveis, se sente com mais disposição e muitas vezes tem vontade de movimentar o corpo e praticar. No terceiro trimestre as posturas em pé ajudam a preparar as pernas para um parto ativo.
A prática para uma gestante pode começar com posturas relaxantes deitadas ou reclinadas, seguidas de extensões suaves com apoio (que devem ser feitas com cuidado porque podem causar náuseas), pois ajudam a restabelecer a energia do corpo.
As invertidas são muito benéficas já que regulam os hormônios e facilitam o retorno venoso diminuindo o inchaço nas pernas. Para as iniciantes o indicado, sob supervisão, é praticar invertidas mais leves como viparita karani (postura com os quadris levemente elevados e as pernas apoiadas na parede). E uma versão simplificada de setubandha sarvangasana que possui efeitos semelhantes para aquelas que não sentem confiança para praticar sarvangasana (invertida sobre os ombros)
Para as mulheres que sofreram abortos voluntários a pratica precisa ser ainda mais cautelosa, pois sua estrutura é mais frágil. A prática deve focar em posturas sentadas com flexões usando apoios, relaxamento e pranayama. As posturas em pé devem ser evitadas. Invertida sobre os ombros pode ajudar, pois regula os hormônios, causa de algumas fragilidades.
A prática de pranayama (exercícios respiratórios) e de relaxamento em savasana (postura do cadáver) deve ser feita sempre que a mulher sentir necessidade e muito cansaço. Essas práticas ajudam a produção de leite pois abrem o peito, aumentam a entrada de oxigênio necessário a lactação. Alguns minutos de relaxamento podem ser muito restaurativos.
Ao beneficiar os sistemas fisiológicos da mãe a prática possibilita o pleno desenvolvimento do bebê. Yoga que vale por dois.
por Camila Pagliuca
Dentro do método Iyengar Yoga existem diferentes abordagens para se trabalhar com as grávidas. O mais importante para definir a prática adequada para uma gestante é a experiência desta como praticante. Algumas escola de Iyengar Yoga não aceitam alunas gestantes em suas turmas sem o mínimo de seis meses de pratica constante. Outras escolas recebem as iniciantes, mas enfatizam a prática de posturas mais básicas e exercícios de relaxamento.
Geralmente as mulheres deixam para iniciar a prática quando engravidam. O ideal seria ter uma pratica de yoga constante antes da gravidez. Isto garante que as mulheres aproveitem melhor os benefícios da pratica e reduzam os possíveis riscos. Estar familiarizada com a forma e o efeito das posturas traz uma inteligência ao corpo da mulher, o que é importante para uma prática segura.
Quando aprendemos uma postura, ainda não conseguimos realizar todas as ações necessárias de alinhamento. A qualidade da postura depende diretamente da capacidade de realizar estas ações. O estado interno de atenção e os benefícios gerados pela postura também. Durante a gravidez, a praticante precisa manter o abdômen sempre suave e sem compressões ao executar as posturas. Sem as ações básicas de alinhamento que se desenvolvem a medida que praticamos isso é mais difícil. A falta de familiaridade com os alongamentos da musculatura produzidos pelas posturas pode, ao invés de gerar benefícios, ter um efeito contrário de tencionar o corpo. Por todas essas razões, o trabalho com gestantes inexperientes precisa ser bem mais suave. Quanto mais tempo de prática a futura mãe tiver melhores os benefícios das posturas durante a gestação.
Posturas importantes como sirsasana, invertida sobre a cabeça, e algumas extensões com apoio não podem ser ensinadas durante a gravidez. Se a gestante não as praticava antes da gestação não é o momento adequado para aprendê-las. A recomendação para a prática de Iyengar Yoga para gestantes, sem experiência no método, é começar por posturas sentadas, flexões sentadas com apoio e exercícios de relaxamento. O auxílio de um professor preparado é essencial, pois algumas adaptações podem ser necessárias.
Um dos objetivos das posturas de yoga durante a gestação é potencializar no corpo da mãe um “espaço” para que o bebê se desenvolva bem. Criar um equilíbrio muscular no corpo da gestante ajuda a manter uma boa postura, que por sua vez gera o bom posicionamento do bebe em sua bacia e facilita o parto. Em todas as posturas a gestante procura criar um espaço entre o osso púbico e o esterno, o que facilita a respiração. Esta auxilia no relaxamento e ajuda a gestante a voltar à atenção para sua realidade mais íntima. Um estado interno de atenção permite que a mulher lide melhor com as demandas do parto. Um corpo sem tensão e a capacidade de estar presente poupam energia durante o parto.
A auto-observação é essencial, pois cada gravidez é única e a gestação passa por diferentes fases. Geralmente o primeiro trimestre é mais conturbado pela novidade e pelas mudanças hormonais. Algumas grávidas preferem começar a praticar depois que passa essa primeira fase. Os enjôos podem ser mais intensos e deixar a gestante sem disposição. Nessa fase savasana (postura de relaxamento) pode ajudar. O savasana durante a gestação deve ser sempre feito com apoio para a coluna. Essa variação ajuda a expandir o peito, facilitar a respiração e energizar o corpo. O apoio na tronco, na cabeça e em baixo do joelhos forma um V no corpo da gestante e o bebê se aninha dentro do corpo da mãe. Os calcanhares sempre devem estar apoiados no chão.
No segundo trimestre a gestante já tem os hormônios mais estáveis, se sente com mais disposição e muitas vezes tem vontade de movimentar o corpo e praticar. No terceiro trimestre as posturas em pé ajudam a preparar as pernas para um parto ativo.
A prática para uma gestante pode começar com posturas relaxantes deitadas ou reclinadas, seguidas de extensões suaves com apoio (que devem ser feitas com cuidado porque podem causar náuseas), pois ajudam a restabelecer a energia do corpo.
As invertidas são muito benéficas já que regulam os hormônios e facilitam o retorno venoso diminuindo o inchaço nas pernas. Para as iniciantes o indicado, sob supervisão, é praticar invertidas mais leves como viparita karani (postura com os quadris levemente elevados e as pernas apoiadas na parede). E uma versão simplificada de setubandha sarvangasana que possui efeitos semelhantes para aquelas que não sentem confiança para praticar sarvangasana (invertida sobre os ombros)
Para as mulheres que sofreram abortos voluntários a pratica precisa ser ainda mais cautelosa, pois sua estrutura é mais frágil. A prática deve focar em posturas sentadas com flexões usando apoios, relaxamento e pranayama. As posturas em pé devem ser evitadas. Invertida sobre os ombros pode ajudar, pois regula os hormônios, causa de algumas fragilidades.
A prática de pranayama (exercícios respiratórios) e de relaxamento em savasana (postura do cadáver) deve ser feita sempre que a mulher sentir necessidade e muito cansaço. Essas práticas ajudam a produção de leite pois abrem o peito, aumentam a entrada de oxigênio necessário a lactação. Alguns minutos de relaxamento podem ser muito restaurativos.
Ao beneficiar os sistemas fisiológicos da mãe a prática possibilita o pleno desenvolvimento do bebê. Yoga que vale por dois.
por Camila Pagliuca
domingo, 11 de julho de 2010
A Precisão em Iyengar Yoga
A precisão em Iyengar Yoga: um caminho para o auto conhecimento.
A tradição do Yoga fornece explicações para a complexidade do ser humano ao tratar de nossas várias "camadas" ou "corpos", Koshas em sânscrito.
Estas camadas seriam:
Annamaya kosha: corpo anatômico
Pranamaya kosha: corpo energético (fisiológico)
Manomaya kosha: corpo mental
Vijnanamaya kosha: corpo intelectual
Anadamaya kosha: bem aventurança
Pessoalmente não acredito nestas divisões, quem já leu outros posts sabe o que penso sobre este jeito de analisar o ser humano. Acho que somos estruturas, razões e emoções ao mesmos tempo, e somente podemos nos expressar utilizando todos estes "corpos" interligados como unidade, mas para manter a didática e a terminologia do Yoga vamos usar estes termos, os Koshas.
Nos é ensinado que uma das metas do Yoga é a União: todos estes aspectos devem ser integrados e expressarem harmonia.
Como esta integração ocorre? Em Iyengar Yoga é dito que através de Ásana e Pranayama aprendemos a trazer consciência a cada célula do corpo, e neste processo integramos nossos Koshas.
O primeiro passo a aprender é estar completamente no presente, com nossos corpos, pensamentos, intenções e emoções.
Começamos criando atenção no corpo. Os professores dão instruções específicas: "pressione igualmente contra o chão as bordas medial e lateral dos calcanhares", "erga as laterais do tronco", etc.
No método Iyengar somos orientados a ajustar os músculos e ossos. Com o tempo as instruções podem se referir também aos órgãos, podemos ouvir instruções específicas aos rins ou aos pulmões. Nas aulas podemos ser orientados também a tranquilizar os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele. Enfim a observar nossos sentidos e percepção.
B.K.S. Iyengar é responsável por uma nova metodologia, um modo muito particular de trabalhar os Ásanas. Este método é focado em alinhamento e requer completa absorção no momento presente.
Além do alinhamento outra característica fundamental para gerar este processo de atenção é a correta linguagem empregada nas instruções da postura. O que é dito e como é dito influi enormemente nos processos de imersão nos estados internos, na jornada para desvendar os Koshas.
A primeira dica é usar o correto tempo verbal. As ações são dadas no imperativo, nos remetem à ações. Não falamos: "pressionando os pés contra o chão, elevamos as coxas". Também evitamos: "os pés são pressionados contra o chão. As coxas devem ser erguidas".
Preferimos: "Pressione os pés contra o chão e eleve as coxas".
Esta linguagem remete o aluno diretamente a uma ação, facilitando a atenção no presente e os processos de observação interna.
Também se ensina a "conectar" ações diferentes e a trabalhar com forças opostas.Por exemplo em Parsvottanasana: "Leve as coxas internas para trás enquanto estende os lados do tronco à frente". "Pela das solas dos pés buscam o chão, o tronco busca o céu...", etc
Por último, outro importante caminho consiste em se perguntar constantemente quais efeitos as ações acrescentam aos Ásanas. É dito que a frase: "Observe o que acontece quando você...." é uma máxima em Iyengar Yoga.
Acredito que o principal legado de B.K.S. Iyengar seja ensinar de modo tão profundo e apaixonado a prática de Ásanas, que conduza o aluno a perceber nesta profundidade elementos das oito partes do Yoga clássico. Que conduza os alunos, nas palavras de B.K.S. Iyengar, de annamaya kosha até anadamaya kosha.
A tradição do Yoga fornece explicações para a complexidade do ser humano ao tratar de nossas várias "camadas" ou "corpos", Koshas em sânscrito.
Estas camadas seriam:
Annamaya kosha: corpo anatômico
Pranamaya kosha: corpo energético (fisiológico)
Manomaya kosha: corpo mental
Vijnanamaya kosha: corpo intelectual
Anadamaya kosha: bem aventurança
Pessoalmente não acredito nestas divisões, quem já leu outros posts sabe o que penso sobre este jeito de analisar o ser humano. Acho que somos estruturas, razões e emoções ao mesmos tempo, e somente podemos nos expressar utilizando todos estes "corpos" interligados como unidade, mas para manter a didática e a terminologia do Yoga vamos usar estes termos, os Koshas.
Nos é ensinado que uma das metas do Yoga é a União: todos estes aspectos devem ser integrados e expressarem harmonia.
Como esta integração ocorre? Em Iyengar Yoga é dito que através de Ásana e Pranayama aprendemos a trazer consciência a cada célula do corpo, e neste processo integramos nossos Koshas.
O primeiro passo a aprender é estar completamente no presente, com nossos corpos, pensamentos, intenções e emoções.
Começamos criando atenção no corpo. Os professores dão instruções específicas: "pressione igualmente contra o chão as bordas medial e lateral dos calcanhares", "erga as laterais do tronco", etc.
No método Iyengar somos orientados a ajustar os músculos e ossos. Com o tempo as instruções podem se referir também aos órgãos, podemos ouvir instruções específicas aos rins ou aos pulmões. Nas aulas podemos ser orientados também a tranquilizar os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele. Enfim a observar nossos sentidos e percepção.
B.K.S. Iyengar é responsável por uma nova metodologia, um modo muito particular de trabalhar os Ásanas. Este método é focado em alinhamento e requer completa absorção no momento presente.
Além do alinhamento outra característica fundamental para gerar este processo de atenção é a correta linguagem empregada nas instruções da postura. O que é dito e como é dito influi enormemente nos processos de imersão nos estados internos, na jornada para desvendar os Koshas.
A primeira dica é usar o correto tempo verbal. As ações são dadas no imperativo, nos remetem à ações. Não falamos: "pressionando os pés contra o chão, elevamos as coxas". Também evitamos: "os pés são pressionados contra o chão. As coxas devem ser erguidas".
Preferimos: "Pressione os pés contra o chão e eleve as coxas".
Esta linguagem remete o aluno diretamente a uma ação, facilitando a atenção no presente e os processos de observação interna.
Também se ensina a "conectar" ações diferentes e a trabalhar com forças opostas.Por exemplo em Parsvottanasana: "Leve as coxas internas para trás enquanto estende os lados do tronco à frente". "Pela das solas dos pés buscam o chão, o tronco busca o céu...", etc
Por último, outro importante caminho consiste em se perguntar constantemente quais efeitos as ações acrescentam aos Ásanas. É dito que a frase: "Observe o que acontece quando você...." é uma máxima em Iyengar Yoga.
Acredito que o principal legado de B.K.S. Iyengar seja ensinar de modo tão profundo e apaixonado a prática de Ásanas, que conduza o aluno a perceber nesta profundidade elementos das oito partes do Yoga clássico. Que conduza os alunos, nas palavras de B.K.S. Iyengar, de annamaya kosha até anadamaya kosha.
É culpa da escrivaninha? Ou por que os jovens treinam apenas os músculos que enxergam no espelho?
Pobre escrivaninha. Coitado também de quem tem de trabalhar sentado mais de 8h por dia, mas se isto for inevitável então não devemos agravar nossos problemas posturais nos exercitando incorretamente.
Passei por uma experiência intrigante recentemente: após anos sem “malhar”, apenas fazendo Yoga, resolvi aprender a surfar.
Surfar é ótimo! - dirão todos. Faz bem e estamos na natureza! E faz bem mesmo, é quase uma terapia. Mas o mar assusta um pouco então resolvi voltar a nadar; para ter menos medo, mais resistência e mais fôlego e para parar de me imaginar morrendo em uma morte besta e afogada.
Empolgado me matriculei para nadar 3X por semana. Logo percebi que não rolava levantar antes das 7h da manhã para me jogar na água, então fiz um acordo para nadar uma ou duas vezes e nos outros dias poderia usar a sala de ginástica/musculação da academia.
Foi aí que me assustei de verdade.
O que as pessoas fazem na “malhação” e no “fitness” meu deus!
Fiquei mais de uma hora na academia e não vi ninguém se exercitando corretamente.
Exercícios e exercícios sendo feitos sem nenhuma atenção à técnica ou detalhes.
Tudo sendo feitos em máquinas e aparelhos que diminuem a necessidade de equilíbrio e propriocepção. E também as amplitudes do movimento. Pessoas (muito jovens) treinando como se fossem fisiculturistas, almejando o físico do sujeito quimicamente modificado. Ou repetindo e repetindo os mesmos movimentos por mais de uma hora (na esteira ou bike), acreditando que isso é bom e saudável.
Parece que os freqüentadores de academias se apaixonam pelos exercícios errados e pelos métodos impróprios de executá-los. Ou não são bem orientados.
Vamos rever um conceito básico:
Se você trabalha sentado, no computador ou escrivaninha, eu não recomendaria que seu programa incluísse exercícios e posturas sentadas. Entre os piores exercícios que você pode fazer estão: Supino, flexões do cotovelo ("rosca"), e realizar o trabalho aeróbio sentado em uma bicicleta ergométrica.
Talvez você esteja pensando. “Mas isto é basicamente meu treino”, "É o que mais vejo as pessoas treinando".
Infelizmente muitas pessoas vão até uma academia, fazem alguma série de supino ou outros exercícios para peitoral, alguns exercícios para bíceps/tríceps e depois alguma variação entre esteira ou bicicleta. O que há de errado nisso?
O problema é que trabalhar boa parte do dia (8h) na postura sentado resulta em encurtamento dos flexores do quadril, encurtamento do peitoral e encurtamento do bíceps. Também pode flexionar a coluna lombar (poucas pessoas conseguem sentar corretamente com a pelve neutra) e inibir um pouco os estabilizadores do tronco.
Esta história nos conta um pouco sobre as dores crônicas no mundo contemporâneo.
Olhe para o lado e veja seu colega no computador...
O quadril está em flexão, os cotovelos flexionados e os ombros para frente.
Se você quer melhorar sua qualidade de vida e faz isso se matriculando em uma academia o esperado é que você seja orientado a reduzir os efeitos da má postura sentada, e não agravá-los. O que vejo é que a maioria vai em busca de um trabalho corporal e acaba agravando a má postura.
Supino e exercícios “peitorais” encurtam esta musculatura, “roscas” reforçam os braços fletidos e trabalho de longa duração na bicicleta contribuem para encurtar os flexores do quadril.
Nos precisamos de exercícios que promovam a força necessária para manter nossos ombros para trás, e não os que os trazem à frente. Mais do que trabalhar músculos isoladamente , precisamos desenvolver equilibradamente movimentos de puxar e de empurrar que se complementam na estabilização escapular. Deveríamos então equilibrar estes movimentos, se seu programa de treinamento propõe apenas puxar ou apenas empurrar, algo está errado.
Precisamos também alongar os flexores do quadril. O Homo Sapiens é antes de tudo um homo erectus, adotar a postura ereta foi fundamental para nossa evolução. Hoje trocamos horas caminhando nas savanas por horas sentados no computador. Portanto nossas práticas deveriam ter mais exercícios e posturas em pé. Treinar sentado ou em apoio deveria ser reduzido ao mínimo.
É necessário também garantir que todo trabalho dos braços seja feito com correta amplitude de movimento, para não reforçar encurtamentos adaptativos.
A cabeça projetada à frente e os ombros elevados e rodados à frente que notamos nos idosos não são um acidente. São resultado dos nossos modos de viver e trabalhar.
Uma das metas de qualquer programa de exercícios para a população deveria ser também reverter ou desacelerar os processos de envelhecimento.
Com isto em mente tente rever e diversificar seu treino na academia. Se você não freqüenta academia mas tem amigos que o fazem avise-os que podem estar reforçando um padrão postural flexor. Os jovens deveriam equilibrar os treinos de peitoral com remadas e principalmente restaurar o correto padrão de controle da escápula.
Para treinos aeróbios alterne treinos na bicicleta com caminhada e corrida. E após os treinos na bicicleta alongue os flexores do quadril.
A dica final é entender que os músculos que não vemos no espelho (posteriores) também devem ser treinados e são os responsáveis para prevenir o padrão postural do vovô ou da vovó.
Inspirado em um texto do coach Mike Boyle.
sábado, 10 de julho de 2010
Seus exercícios abdominas podem causar dor na coluna?
Is Your Ab Workout Hurting Your Back?
The genesis of much of the ab work we do these days probably lies in the work done in an Australian physiotherapy lab during the mid-1990s. Researchers there, hoping to elucidate the underlying cause of back pain, attached electrodes to people’s midsections and directed them to rapidly raise and lower their arms, like the alarmist robot in “Lost in Space.”
In those with healthy backs, the scientists found, a deep abdominal muscle tensed several milliseconds before the arms rose. The brain apparently alerted the muscle, the transversus abdominis, to brace the spine in advance of movement. In those with back pain, however, the transversus abdominis didn’t fire early. The spine wasn’t ready for the flailing. It wobbled and ached. Perhaps, the researchers theorized, increasing abdominal strength could ease back pain. The lab worked with patients in pain to isolate and strengthen that particular deep muscle, in part by sucking in their guts during exercises. The results, though mixed, showed some promise against sore backs.
From that highly technical foray into rehabilitative medicine, a booming industry of fitness classes was born. “The idea leaked” into gyms and Pilates classes that core health was “all about the transversus abdominis,” Thomas Nesser, an associate professor of physical education at Indiana State University who has studied core fitness, told me recently. Personal trainers began directing clients to pull in their belly buttons during crunches on Swiss balls or to press their backs against the floor during sit-ups, deeply hollowing their stomachs, then curl up one spinal segment at a time. “People are now spending hours trying to strengthen” their deep ab muscles, Nesser said.
But there’s growing dissent among sports scientists about whether all of this attention to the deep abdominal muscles actually gives you a more powerful core and a stronger back and whether it’s even safe. A provocative article published in the The British Journal of Sports Medicine last year asserted that some of the key findings from the first Australian study of back pain might be wrong. Moreover, even if they were true for some people in pain, the results might not apply to the generally healthy and fit, whose trunk muscles weren’t misfiring in the first place.
“There’s so much mythology out there about the core,” maintains Stuart McGill, a highly regarded professor of spine biomechanics at the University of Waterloo in Canada and a back-pain clinician who has been crusading against ab exercises that require hollowing your belly. “The idea has reached trainers and through them the public that the core means only the abs. There’s no science behind that idea.”
The “core” remains a somewhat nebulous concept; but most researchers consider it the corset of muscles and connective tissue that encircle and hold the spine in place. If your core is stable, your spine remains upright while your body swivels around it. But, McGill says, the muscles forming the core must be balanced to allow the spine to bear large loads. If you concentrate on strengthening only one set of muscles within the core, you can destabilize your spine by pulling it out of alignment. Think of the spine as a fishing rod supported by muscular guy wires. If all of the wires are tensed equally, the rod stays straight. “If you pull the wires closer to the spine,” McGill says, as you do when you pull in your stomach while trying to isolate the transversus abdominis, “what happens?” The rod buckles. So, too, he said, can your spine if you overly focus on the deep abdominal muscles. “In research at our lab,” he went on to say, “the amount of load that the spine can bear without injury was greatly reduced when subjects pulled in their belly buttons” during crunches and other exercises.
Instead, he suggests, a core exercise program should emphasize all of the major muscles that girdle the spine, including but not concentrating on the abs. Side plank (lie on your side and raise your upper body) and the “bird dog” (in which, from all fours, you raise an alternate arm and leg) exercise the important muscles embedded along the back and sides of the core. As for the abdominals, no sit-ups, McGill said; they place devastating loads on the disks. An approved crunch begins with you lying down, one knee bent, and hands positioned beneath your lower back for support. “Do not hollow your stomach or press your back against the floor,” McGill says. Gently lift your head and shoulders, hold briefly and relax back down. These three exercises, done regularly, McGill said, can provide well-rounded, thorough core stability. And they avoid the pitfalls of the all-abs core routine. “I see too many people,” McGill told me with a sigh, “who have six-pack abs and a ruined back.”
Neste vídeo o renomado professor Stuart McGill, da Universidade de Waterloo, explica porque não devemos treinar os músculos do tronco executando a flexão do tronco ("abdominais").
Ele apresenta alternativas para promover a estabilidade e o fortalecimento do tronco sem gerar as forças de cisalhamento que podem ser lesivas aos discos.
Para saber mais:www.backfitpro.com
The genesis of much of the ab work we do these days probably lies in the work done in an Australian physiotherapy lab during the mid-1990s. Researchers there, hoping to elucidate the underlying cause of back pain, attached electrodes to people’s midsections and directed them to rapidly raise and lower their arms, like the alarmist robot in “Lost in Space.”
In those with healthy backs, the scientists found, a deep abdominal muscle tensed several milliseconds before the arms rose. The brain apparently alerted the muscle, the transversus abdominis, to brace the spine in advance of movement. In those with back pain, however, the transversus abdominis didn’t fire early. The spine wasn’t ready for the flailing. It wobbled and ached. Perhaps, the researchers theorized, increasing abdominal strength could ease back pain. The lab worked with patients in pain to isolate and strengthen that particular deep muscle, in part by sucking in their guts during exercises. The results, though mixed, showed some promise against sore backs.
From that highly technical foray into rehabilitative medicine, a booming industry of fitness classes was born. “The idea leaked” into gyms and Pilates classes that core health was “all about the transversus abdominis,” Thomas Nesser, an associate professor of physical education at Indiana State University who has studied core fitness, told me recently. Personal trainers began directing clients to pull in their belly buttons during crunches on Swiss balls or to press their backs against the floor during sit-ups, deeply hollowing their stomachs, then curl up one spinal segment at a time. “People are now spending hours trying to strengthen” their deep ab muscles, Nesser said.
But there’s growing dissent among sports scientists about whether all of this attention to the deep abdominal muscles actually gives you a more powerful core and a stronger back and whether it’s even safe. A provocative article published in the The British Journal of Sports Medicine last year asserted that some of the key findings from the first Australian study of back pain might be wrong. Moreover, even if they were true for some people in pain, the results might not apply to the generally healthy and fit, whose trunk muscles weren’t misfiring in the first place.
“There’s so much mythology out there about the core,” maintains Stuart McGill, a highly regarded professor of spine biomechanics at the University of Waterloo in Canada and a back-pain clinician who has been crusading against ab exercises that require hollowing your belly. “The idea has reached trainers and through them the public that the core means only the abs. There’s no science behind that idea.”
The “core” remains a somewhat nebulous concept; but most researchers consider it the corset of muscles and connective tissue that encircle and hold the spine in place. If your core is stable, your spine remains upright while your body swivels around it. But, McGill says, the muscles forming the core must be balanced to allow the spine to bear large loads. If you concentrate on strengthening only one set of muscles within the core, you can destabilize your spine by pulling it out of alignment. Think of the spine as a fishing rod supported by muscular guy wires. If all of the wires are tensed equally, the rod stays straight. “If you pull the wires closer to the spine,” McGill says, as you do when you pull in your stomach while trying to isolate the transversus abdominis, “what happens?” The rod buckles. So, too, he said, can your spine if you overly focus on the deep abdominal muscles. “In research at our lab,” he went on to say, “the amount of load that the spine can bear without injury was greatly reduced when subjects pulled in their belly buttons” during crunches and other exercises.
Instead, he suggests, a core exercise program should emphasize all of the major muscles that girdle the spine, including but not concentrating on the abs. Side plank (lie on your side and raise your upper body) and the “bird dog” (in which, from all fours, you raise an alternate arm and leg) exercise the important muscles embedded along the back and sides of the core. As for the abdominals, no sit-ups, McGill said; they place devastating loads on the disks. An approved crunch begins with you lying down, one knee bent, and hands positioned beneath your lower back for support. “Do not hollow your stomach or press your back against the floor,” McGill says. Gently lift your head and shoulders, hold briefly and relax back down. These three exercises, done regularly, McGill said, can provide well-rounded, thorough core stability. And they avoid the pitfalls of the all-abs core routine. “I see too many people,” McGill told me with a sigh, “who have six-pack abs and a ruined back.”
Neste vídeo o renomado professor Stuart McGill, da Universidade de Waterloo, explica porque não devemos treinar os músculos do tronco executando a flexão do tronco ("abdominais").
Ele apresenta alternativas para promover a estabilidade e o fortalecimento do tronco sem gerar as forças de cisalhamento que podem ser lesivas aos discos.
Para saber mais:www.backfitpro.com
Podemos atualizar o Hatha Yoga?
O Yoga deve ser atualizado?
Nosso tempo pós-moderno que se caracteriza por valorizar a individualidade, massificar o consumo e fortalecer uma visão relativista dos fatos afeta nosso cotidiano e sistema de crenças. O Yoga não pode escapar de tais influências, adaptando sua linguagem e propósitos às demandas da sociedade.
Nas questões corporais notamos o crescimento das atividades do “fitness”, que transformam o corpo em um produto a ser conquistado e exibido, mais do que sentido. Nas tradições do Yoga este corpo nunca foi um fim, mas um caminho para autoconhecimento e transformação. Neste contexto será que não estamos também idealizando o corpo yogi?
Muito conhecimento foi “intuído” pelos yogis ao longo dos tempos. Esta somatória de sabedoria foi contribuindo para a origem dos diversos métodos de Yoga. É muito recente a troca de conhecimentos entre a tradição do Yoga e as pesquisas científicas. O Yoga tem propósitos além dos efeitos sobre o “corpo físico”. O corpo é um veículo para a jornada de Annamayakosha (corpo físico) para Anandamayakosha (corpo de bem aventurança). Minha questão é compreender o quanto nesse processo as técnicas de yoga, me refiro principalmente as posturas (ásanas), estão de acordo com os modelos científicos que explicam o funcionamento do corpo. E a hipótese é que quanto mais as técnicas de yoga se chocam com o que fisiologia propõe como saudável mais nos afastamos também da meta final do yoga. É possível fazer essa jornada respeitando o que as ciências básicas ensinam sobre fisiologia?
A pergunta final é: tudo que experimentamos e sentimos com o Yoga nos faz crer que o Yoga fará o mesmo aos nossos semelhantes, mas temos uma explicação?
Sei que a meta do Yoga não deve ser confundida com os benefícios, mas porque a meta do Yoga transcende seus efeitos temos o direito de negar ou deixar em segundo plano um olhar objetivo e científico sobre tais efeitos nos sistemas que constituem toda a complexidade do ser humano?
Acho que o caminho natural é não fechar as portas a uma maior integração entre os diversos campos de conhecimento. Muito ainda há de ser feito, pois vejo que há um desinteresse mútuo entre as áreas; poucas pesquisas são feitas sobre Yoga e poucos Yogis sentem necessidades de uma melhor compreensão sobre seus métodos.
Segue então um pequeno resumo sobre informações colhidas de pesquisas recentes (na área das ciências do movimento) que acredito que possam trazer contribuições às práticas. Espero também que estes dados contribuam com idéias e questionamentos trazendo luz sobre investigações que possam ser feitas no futuro. Muito ainda está para ser feito nesta área, e também nos campos do comportamento humano, da cognição e das emoções e sua relação com o Yoga.
Evidências sobre Yoga
Aspectos positivos:
Método que integra
O Hatha Yoga trabalha com os conceitos “mente/corpo” de forma integrada, como uma unidade. Nos ensina a observar e sentir o corpo – o que alonga, o que sustenta, como respiramos, etc. Definitivamente nos ajuda a aumentar a consciência corporal e de nosso estados internos.
Em uma sociedade sedentária e que separa “corpo” e “mente” em entidades diferentes é muito raro encontrar pessoas verdadeiramente em contato consigo mesmas, com seus corpos e sentimentos.
Alívio ao Stress
Nossa sociedade além de sedentária é estressada. O Yoga e suas escolas constituem ferramentas muito eficientes para combater os excessos do Stress. Há algo terapêutico em se observar, alongar, alinhar, respirar e se exercitar. Uma aula que foque em correto movimento, correto alinhamento e um progressivo relaxamento ao final pode melhorar nossa saúde e nos fazer lidar melhor com as demandas da vida.
Equilíbrio
Ao propor Asanas que modificam nossos pontos de apoio no solo demandam o equilíbrio de longas alavancas do corpo estamos desafiando o sistema proprioceptivo e trabalhando nosso equilíbrio.
As solas dos pés são ótimos e importantes proprioceptores, estimulados quando praticamos descalços. Propriocepção e equilíbrio são extremamente importantes à qualidade de nossos movimentos na vida diária.
Aspectos negativos
Falta de atenção às demandas individuais
Nossas mães sempre acham que somos especiais e únicos, mas nas aulas é raro encontrar uma proposta individualizada. Até existe uma divisão entre iniciantes e avançados, mas tal divisão refere-se mais à habilidade do praticante do que aos padrões individuais. Cada indivíduo possui padrões de movimentos próprios e isso deveria ser considerado em uma aula.
Instabilidade
É preciso lembrar que flexibilidade e mobilidade são diferentes. Flexibilidade refere-se à amplitude de movimento total (passiva) e mobilidade considera a amplitude com o movimento voluntário (ativa). Praticantes assíduos de aulas de Yoga tendem a apresentar instabilidade em algumas articulações, especialmente coluna lombar (mais flexibilidade do que mobilidade – ou mais amplitude do que controle). As pesquisas recentes sobre a coluna lombar tendem a considerá-la uma área de passagem de força, que conecta o tronco aos membros inferiores. Em outras palavras deveríamos trabalhar para a estabilidade da lombar e da pelve e não para a flexibilidade.
Soluções
Procure um instrutor que tenha se preparado, que possua algum tipo de formação de boa qualidade sobre a técnica que ensina. Além disso o professor deve adquirir conhecimentos sobre o funcionamento de corpo humano e sobre biomecânica.
Hoje muitos cursos de formação para professores de Yoga incluem aulas sobre as ciências básicas do corpo e do movimento.
Teste algumas aulas (1 mês pelo menos) para avaliar a competência do professor. Se boa parte da aula for baseada em inclinar, flexionar, torcer ou estender a coluna é melhor procurar outra aula.
Procure turmas menores nos primeiros meses de prática, assim suas chances de um olhar individualizado aumentam. Também procure conhecer melhor sua condição física.
Prioriza a qualidade e não a quantidade. Este princípio serve para tudo na vida e não é diferente no Yoga. Ao praticar busque entender de onde vêm os movimentos e as sensações do corpo. Procure se informar se estão acontecendo nos segmentos adequados do corpo, mobilizando o que deve ser mobilizado e estabilizando o que deve ser estabilizado. Isso sim é terapêutico e nos conduz a um equilíbrio entre nossos corpos e emoções.
Entendo que o Yoga represente uma tradição muito antiga, mas podemos respeitar o patrimônio cultural do Yoga, seu propósito original, e ao mesmo tempo promover uma integração cada vez maior com as ciências relacionadas ao movimento.
Espero que este pequeno texto nos ajude a experimentar e viver de forma mais livre o melhor Yoga que pudermos.
Namaste!
Pedro Bara Zanotto é Bacharel em Esporte pela USP, professor de Yoga certificado em Iyengar e está aprendendo a se equilibrar nas ondas.
Nosso tempo pós-moderno que se caracteriza por valorizar a individualidade, massificar o consumo e fortalecer uma visão relativista dos fatos afeta nosso cotidiano e sistema de crenças. O Yoga não pode escapar de tais influências, adaptando sua linguagem e propósitos às demandas da sociedade.
Nas questões corporais notamos o crescimento das atividades do “fitness”, que transformam o corpo em um produto a ser conquistado e exibido, mais do que sentido. Nas tradições do Yoga este corpo nunca foi um fim, mas um caminho para autoconhecimento e transformação. Neste contexto será que não estamos também idealizando o corpo yogi?
Muito conhecimento foi “intuído” pelos yogis ao longo dos tempos. Esta somatória de sabedoria foi contribuindo para a origem dos diversos métodos de Yoga. É muito recente a troca de conhecimentos entre a tradição do Yoga e as pesquisas científicas. O Yoga tem propósitos além dos efeitos sobre o “corpo físico”. O corpo é um veículo para a jornada de Annamayakosha (corpo físico) para Anandamayakosha (corpo de bem aventurança). Minha questão é compreender o quanto nesse processo as técnicas de yoga, me refiro principalmente as posturas (ásanas), estão de acordo com os modelos científicos que explicam o funcionamento do corpo. E a hipótese é que quanto mais as técnicas de yoga se chocam com o que fisiologia propõe como saudável mais nos afastamos também da meta final do yoga. É possível fazer essa jornada respeitando o que as ciências básicas ensinam sobre fisiologia?
A pergunta final é: tudo que experimentamos e sentimos com o Yoga nos faz crer que o Yoga fará o mesmo aos nossos semelhantes, mas temos uma explicação?
Sei que a meta do Yoga não deve ser confundida com os benefícios, mas porque a meta do Yoga transcende seus efeitos temos o direito de negar ou deixar em segundo plano um olhar objetivo e científico sobre tais efeitos nos sistemas que constituem toda a complexidade do ser humano?
Acho que o caminho natural é não fechar as portas a uma maior integração entre os diversos campos de conhecimento. Muito ainda há de ser feito, pois vejo que há um desinteresse mútuo entre as áreas; poucas pesquisas são feitas sobre Yoga e poucos Yogis sentem necessidades de uma melhor compreensão sobre seus métodos.
Segue então um pequeno resumo sobre informações colhidas de pesquisas recentes (na área das ciências do movimento) que acredito que possam trazer contribuições às práticas. Espero também que estes dados contribuam com idéias e questionamentos trazendo luz sobre investigações que possam ser feitas no futuro. Muito ainda está para ser feito nesta área, e também nos campos do comportamento humano, da cognição e das emoções e sua relação com o Yoga.
Evidências sobre Yoga
Aspectos positivos:
Método que integra
O Hatha Yoga trabalha com os conceitos “mente/corpo” de forma integrada, como uma unidade. Nos ensina a observar e sentir o corpo – o que alonga, o que sustenta, como respiramos, etc. Definitivamente nos ajuda a aumentar a consciência corporal e de nosso estados internos.
Em uma sociedade sedentária e que separa “corpo” e “mente” em entidades diferentes é muito raro encontrar pessoas verdadeiramente em contato consigo mesmas, com seus corpos e sentimentos.
Alívio ao Stress
Nossa sociedade além de sedentária é estressada. O Yoga e suas escolas constituem ferramentas muito eficientes para combater os excessos do Stress. Há algo terapêutico em se observar, alongar, alinhar, respirar e se exercitar. Uma aula que foque em correto movimento, correto alinhamento e um progressivo relaxamento ao final pode melhorar nossa saúde e nos fazer lidar melhor com as demandas da vida.
Equilíbrio
Ao propor Asanas que modificam nossos pontos de apoio no solo demandam o equilíbrio de longas alavancas do corpo estamos desafiando o sistema proprioceptivo e trabalhando nosso equilíbrio.
As solas dos pés são ótimos e importantes proprioceptores, estimulados quando praticamos descalços. Propriocepção e equilíbrio são extremamente importantes à qualidade de nossos movimentos na vida diária.
Aspectos negativos
Falta de atenção às demandas individuais
Nossas mães sempre acham que somos especiais e únicos, mas nas aulas é raro encontrar uma proposta individualizada. Até existe uma divisão entre iniciantes e avançados, mas tal divisão refere-se mais à habilidade do praticante do que aos padrões individuais. Cada indivíduo possui padrões de movimentos próprios e isso deveria ser considerado em uma aula.
Instabilidade
É preciso lembrar que flexibilidade e mobilidade são diferentes. Flexibilidade refere-se à amplitude de movimento total (passiva) e mobilidade considera a amplitude com o movimento voluntário (ativa). Praticantes assíduos de aulas de Yoga tendem a apresentar instabilidade em algumas articulações, especialmente coluna lombar (mais flexibilidade do que mobilidade – ou mais amplitude do que controle). As pesquisas recentes sobre a coluna lombar tendem a considerá-la uma área de passagem de força, que conecta o tronco aos membros inferiores. Em outras palavras deveríamos trabalhar para a estabilidade da lombar e da pelve e não para a flexibilidade.
Soluções
Procure um instrutor que tenha se preparado, que possua algum tipo de formação de boa qualidade sobre a técnica que ensina. Além disso o professor deve adquirir conhecimentos sobre o funcionamento de corpo humano e sobre biomecânica.
Hoje muitos cursos de formação para professores de Yoga incluem aulas sobre as ciências básicas do corpo e do movimento.
Teste algumas aulas (1 mês pelo menos) para avaliar a competência do professor. Se boa parte da aula for baseada em inclinar, flexionar, torcer ou estender a coluna é melhor procurar outra aula.
Procure turmas menores nos primeiros meses de prática, assim suas chances de um olhar individualizado aumentam. Também procure conhecer melhor sua condição física.
Prioriza a qualidade e não a quantidade. Este princípio serve para tudo na vida e não é diferente no Yoga. Ao praticar busque entender de onde vêm os movimentos e as sensações do corpo. Procure se informar se estão acontecendo nos segmentos adequados do corpo, mobilizando o que deve ser mobilizado e estabilizando o que deve ser estabilizado. Isso sim é terapêutico e nos conduz a um equilíbrio entre nossos corpos e emoções.
Entendo que o Yoga represente uma tradição muito antiga, mas podemos respeitar o patrimônio cultural do Yoga, seu propósito original, e ao mesmo tempo promover uma integração cada vez maior com as ciências relacionadas ao movimento.
Espero que este pequeno texto nos ajude a experimentar e viver de forma mais livre o melhor Yoga que pudermos.
Namaste!
Pedro Bara Zanotto é Bacharel em Esporte pela USP, professor de Yoga certificado em Iyengar e está aprendendo a se equilibrar nas ondas.
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